sexta-feira, 20 de março de 2015

Até de Olhos Fechados


Já faz tempo que é noite. Já deveria ter amanhecido. São as cortinas fechadas? São meus olhos fechados? É minha mente fechada? Acho que está na hora de levantar da cama, está na hora de me incomodar com o atraso. O escuro é cômodo, porém não é confortável. 

Estava aqui admirando quem fui e o que fiz como se fosse outro alguém. Alguém brilhante como eu jamais seria. Como jamais voltarei a ser se não me levantar e abrir essas cortinas. Belas palavras esse alguém um dia escreveu, gostaria de conhecê-lo. Quando ele voltará? Ou ela...

Me faltam palavras aqui nesse escuro, acho que não consigo enxergá-las com os olhos fechados. Preciso levantar. Já me disseram que fui música, que fui poetiza, que fui escritora, que fui e não voltei. Mas eu estou sempre aqui, no escuro, atrás das cortinas, com os olhos fechados, com a mente quase, quase fechada. Há uma fresta por onde entra uma brisa trazendo umas ideias vez ou outra. Mas não é assim que funciona.

Se eu prestar atenção no meu silêncio posso escutar várias vozes. Umas vozezinhas que me mandam umas palavras. Se eu escutar bem então não tem mais jeito. Então eu tenho que dar um destino a elas. Eu tenho que escrevê-las.

Não preciso necessariamente abrir os olhos, ou as cortinas, mas a mente... Essa tem que estar bem aberta pra entrar luz, pra clarear as ideias, pra renovar as memórias e me mostrar de novo e de novo e de novo. Entre pontos e vírgulas e interrogações e exclamações e nunca aspas. Porque, pra dizer a verdade, eu nunca fui. Eu ainda sou. Eu ainda estou. Então não se despeça ainda. 

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Da Série: Quando as Luzes Se Apagam. Pesadelo 03

Em frente ao espelho ela tentava se convencer de que as olheiras sumiriam. O tic tac baixo do relógio era o único som no quarto. Em frente ao relógio ela tentou se convencer de que era hora de dormir. Prendeu os cabelos num rabo-de-cavalo antes de se deitar, e desligar as luzes, e fechar os olhos, e respirar fundo.

Ela estava no seu quarto, um ambiente conhecido dessa vez. Sabia disso porque no escuro ela enxergava a janela e a luz da lua na cortina. Não só enxergava no escuro. Enxergava de olhos fechados. Olhava a escrivaninha à sua direita, o guarda-roupa à sua esquerda e... Ela mesma deitada na cama atrás dela. Não só enxergava de olhos fechados. Enxergava em velocidade atrasada. Agora a sua imagem na cama levantava, de olhos fechados, e parava exatamente na sua frente. Olhava a janela, olhava a escrivaninha, olhava o guarda-roupa e voltava a olhar para ela com a cabeça para o lado, como se perguntasse "o que vamos fazer agora?".

Estranhamente dessa vez ela se sentia segura. Pela primeira vez nesse mundo ela se sentia segura. Mesmo no escuro, de olhos fechados. Decidiu então abrir a porta e dar uma volta pela casa. Saindo no corredor olhou para traz e, se certificando de que sua sombra continuava a imitá-la, seguiu em frente. Passou pela porta aberta do banheiro e viu seu reflexo no espelho, com os olhos fechados, no escuro. Não ficou para ver o reflexo de sua sombra, continuou andando, passando pelas duas portas fechadas dos outros quartos, chegando à sala. Olhou a mesa e as paredes, lembrou-se das cores de cada coisa, mas via tudo em preto e cinza. sua sombra parou atras dela. Isso ela não viu, apenas sentiu sua presença em suas costas. 

Chegou à cozinha e ali estava mais escuro que os outros cômodos até então, mas ela não sentia medo, se sentia absolutamente segura e deu o primeiro passo adentro, como se desafiasse aquele mundo a intimidá-la. De cabeça erguida passou pela geladeira, pela pia, pelo fogão, pelo escuro. Parou. Parou e pensou que ela estava muito bem ali, sozinha no escuro, que poderia ficar ali mais um tempo antes de voltar para a cama. Ainda sentia a sua sombra atrás dela, sentia ela se encolhendo de medo, ao contrário dela. Sentia sua sombra tremer, covarde. 

Ela olhava hipnotizada o escuro sem fim da cozinha e perdia a noção do tempo. Deve estar na hora de voltar a dormir. Deu a volta e foi em direção ao fim da cozinha. Enquanto andava em passos lentos sentia o escuro devorar tudo atrás dela. O fogão, a pia, a geladeira. Não se preocupava que a escuridão a alcançasse, ou sua sombra - que parecia desesperada para sair dali, mas não tinha como deixar se seguir cada passo de sua presa. Deu o primeiro passo sala adentro e sentiu sua sombra fazendo o mesmo. No momento em que passaram o portal da cozinha já não estavam mais sozinhas. A segurança ameaçava deixá-la, mas se esforçava ao máximo para continuar ali. Ela parou em frente a janela da sala, olhando a luz da lua e tentando se convencer de que era corajosa, de que não estava com medo, de que a escuridão era a sua amiga. 

Olhando hipnotizada a claridade perdia aos poucos a capacidade de enxergar no escuro, com os olhos fechados. Sentindo uma mão enroscar dedos compridos em sua coxa e lentamente encravar suas garras nela, arrancando, num processo gradativo, um grito, que veio primeiro em forma de sussurro, para só quando as garras já chegavam próximas ao fêmur, transformar-se em berros de dor e desespero. Ela gritava em agonia, mas não conseguia mexer nenhum de seus membros. Olhava os dedos inteiros dentro da sua carne e não conseguia fazer nada para tirá-los, para salvar-se. Olhou para a direita e viu a sua sombra com a boca aberta, como se gritasse, mas só quem emitia som era ela. Entretanto, sua sombra podia se mexer. Mexia-se desesperada tentando puxar algo invisível de sua coxa. Gritava seu grito mudo e puxava sua garra invisível em uma cena desesperadora, digna de piedade do mais cruel vilão. Mas não este. 

Duas garotas desesperadas, numa sala escura, lutavam inutilmente contra algo. 
Uma morreria e a outra simplesmente acordaria em seu mundo. 

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Da Série: Quando as Luzes Se Apagam. Pesadelo 02

Ela engoliu a água tentando não pensar no comprimido, coçou os olhos e a ponta do nariz distraidamente, desligou a luz e se deitou. Um suspiro cansado foi o que precedeu o seu sono pesado.

Não sabe ao certo como, mas agora estava na sala da sua própria casa. O chão estava frio e a luz estava fraca. A sala estava turva e ela piscava repetidas vezes tentando, inutilmente, melhorar a situação. Sentiu sua perna ser repentinamente puxada para traz, mas não sentiu o que fez aquilo. Ao levantar-se a dor no joelho esquerdo lhe arrancou o gemido. Mancando alcançou uma cadeira e se sentou. Mas, antes que pudesse se acomodar, a cadeira se endireitou e se arrastou, apertando-a conta a mesa. Suas mãos pareciam terem sido puxadas e colocadas em paralelo sobre a mesa, os dedos afastados. Ela encarava suas próprias mãos aterrorizada, tentando movê-las, mas era impossível. Sentiu o seu cabelo ser puxado e seu pescoço doer imediatamente com o movimento brusco. Olhou ao seu redor e não via nada. Mas sentia. Sentia os olhares, os cochichos, os risos.

A cadeira a sua frente arrastou-se vagarosamente, como se estivesse interessada em qual seria a sua reação ao ver uma cadeira movendo-se sozinha. Como se dissesse "pobre garota, está mais preocupada com a cadeira do que com quem se sentará". Ela sentia um gelo consumindo o seu estômago e um sopro cruel em sua nuca. Esperava a qualquer momento uma dor aguda em suas costas, mas não tinha forças para virar-se e olhar nos olhos o seu algoz. Ficava lá, imóvel e assustada, olhando para frente, para uma cadeira aparentemente vazia. 

Foi rápido. Sua cabeça bateu na mesa com força e ela se ergueu sentindo uma forte dor na testa. Antes que pudesse pensar, sua testa atingiu e superfície da mesa novamente, com força. Como? Ela não queria, mas continuava a bater a cabeça na mesa, cada vez mais forte, mais rápido. As pancadas a deixavam fraca e desnorteada. O barulho surdo ecoava pela sala. Tudo acontecia contra a sua vontade, era como se ela fosse atraída pela mesa de uma forma inexplicavelmente magnética.

Pensamentos incoerentes voavam em sua mente no que parecia ser uma eternidade entre uma batida e outra. Mais uma vez, mais uma vez. Até quando? O sangue escorria pelo seu rosto e espirrava quando ela atingia novamente a mesa. Ela inspirava o próprio sangue. Não gritava, não gemia. Morria aos poucos e violentamente. E seus olhos pesavam. E seu rosto doía. E o som das pancadas. E quando ela acordaria?

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Da Série: Quando as Luzes Se Apagam. Pesadelo 01

Era uma noite comum. Lá fora não ventava e céu abdicara de suas estrelas. Ela encarava a cama, em pé ao seu lado, apática. Não havia resquício de qualquer expressão em seu rosto. Tentava ignorar o silêncio que impregnava o quarto enquanto deitava na cama e se cobria com o cobertor. Desligou a luz do abajur e não fez questão de procurar conforto ao recostar no travesseiro. Manteve os olhos abertos por um tempo, encarando o nada, depois, o teto, quando sua visão começou a aceitar a escuridão. 

Pensou ter piscado, mas na verdade adormeceu. A respiração leve quase não fazia som, mas estava longe de ser calma. Respirava fundo, pausadamente, quando sentiu a cama consumindo-a. O peso do seu corpo aparentava ter no mínimo triplicado. Ela sedia enquanto a cama a engolia. Levou certo tempo até que o desespero asfixiante se instalasse e quando surgiu já era tarde demais. A sensação claustrofóbica e macia dos lençóis, do travesseiro e do colchão ao redor de todo o seu corpo, puxando-a para baixo, não permitia qualquer movimento. O único sinal aparente de seu medo eram os olhos abertos ao seu máximo, as pupilas se movimentando desesperadamente de um lado a outro procurando por... Sem tempo de descobrir, subitamente os olhos se fecharam.

Despertou achando ter desmaiado. Sua cabeça doía, mas quando tentou tocar a testa percebeu que suas mãos estavam amarradas, foi quando se deu conta de tudo ao seu redor. Havia uma árvore. Seca. Morta. Seus galhos grossos iam-se afinando em pontas, que a lembrava garras extremamente afiadas, a medida que chegavam ao fim. Ela estava firmemente amarrada a eles a, pelo menos, um metro do chão, que estava coberto por uma fina neblina cinza, uma fumaça que envenenava o solo e retirava qualquer vitalidade dele. Tocá-la a mataria, ela tinha certeza disso. Olhando ao redor percebeu que a única luz presente fazia um círculo perfeito ao seu redor, focando ela e a árvore, e tudo fora desse círculo era pura escuridão. A mesma névoa que cobria o chão se alastrava livremente fora do círculo iluminado, não permitindo que nada sobrevivesse. 

Foi quando ouviu um ruído vindo da escuridão a sua esquerda e virou rapidamente na direção do som. Ouviu novamente agora do lado direito. Mais um vez. Parecia um estalo, como um galho seco quebrando. O som vinha de todos os lados, se aproximando lentamente, traiçoeiramente. Vários estalos simultâneos engoliam o silêncio surdo que parecia fazer parte do ambiente pesado. Ela temia pelo que poderia surgir da escuridão, seu coração batia em ritmo acelerado e som dos batimentos competiam com o som dos estalos em seus ouvidos. 

Algo alcançou o campo iluminado e ela viu o que poderia ser chamado de braço. Outro. Agora à direita. Mais outro à frente. Aos poucos. pequenos corpos foram surgindo, recobertos por carne putrefata, com braços desproporcionalmente grandes e dedos alongados com garras que lembravam os galhos da árvore. Os olhos esbugalhados, as pupilas, delineadas por uma fina linha cinza quase imperceptível, eram completamente brancas. A saliva escorria e espumava por presas podres e sujas. O fedor que emanavam era insuportável e ardia-lhe as narinas. Eles se locomoviam ora se arrastando com os braços, ora usando-os para saltar. Ora cravavam as garras no chão, ora levantavam os braços no ar, com as mãos pendendo para os lados. 

Os olhos dela lacrimejavam, ela chorava sem perceber, em total pânico, em total desordem mental. As criaturas se aproximavam ansiosas dela e, a cada movimento, um estalo. Todas as articulações pareciam engrenagens defeituosas que estalavam quando se moviam, principalmente os ombros. Cada osso do corpo parecia estar quebrado e se deslocavam constantemente sob a pele, perfurando-a de dentro para fora aqui e ali. 

Dezenas e dezenas se reuniam ao seu redor encarando-a com satisfação. Sem perder tempo, assim que chegaram a distância suficiente pularam e enterraram suas garras nas pernas dela, descendo até os pés, abrindo sua pele em cortes profundos. Amontoavam-se ao seu redor, pulando uns por cima dos outros, agitados. Os galhos em que ela estava presa sacudiam ferozmente enquanto eles dilaceravam suas pernas até os seus ossos. 

Gritos e mais gritos de pânico irrompiam de sua garganta. O desespero, a dor, o medo, um sobrepondo o outro sem pedir licença. Seus gritos cortavam suas cordas vocais na mesma intensidade dos cortes em suas pernas. O sangue esguichava sobre as criaturas amontoadas embaixo, que se deliciavam com o banquete fresco. Um pé fora arrancado, o outro pendia. Seus ossos aparentes, sua carne destroçada, seu corpo sem vida... Sua cama encharcada de suor. Havia decidido. Não dormiria outra noite. 

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Esse Poema Já Existia

Você não tinha um poema, mas eu decidi consertar isso.


Queria recitar todos os poemas ainda não recitados ao pé do seu ouvido. 
Queria ser um poema recitado por você.
Queria ouvir todas as histórias que você tem pra contar. 
Queria que pelo menos uma delas fosse sobre nós.
Queria conhecer os lugares mais lindos do mundo. 
Queria conhecer você por inteiro.
Queria que você se visse pelos meus olhos.
Queria te ver em toda a realidade que meus sonhos não alcançam. 

Me alcance, me balance, me abrace. 
O que seria desse mundo sem você? 
O que seria de meu tudo sem você?
Me espere, me segure, não me deixe. 
Não deixe eu sequer pensar em você me deixar. 
Me deixe em seus braços. 
O peso desse mundo não é nada perto do pesar de te deixar. 

Me deixe entender porque eu sinto um frio na barriga quando você me olha. 
Me deixa te olhar me olhando. 
Me deixe te tocar, te acalentar, te colocar pra dormir. 
Me sinta como eu te sinto quando te abraço. 
Me escute quando eu digo que não há perfeição maior e mais divina do que você. 
Te escuto rindo um riso só seu. Só meu.
Me procure dentro de mim quando eu me esconder do mundo.
Me esconda perto de você quando quiser.

Me atrapalhe quando eu quiser me concentrar.
Concentre em mim todas as suas vontades.
Me deixa te ter, me deixa ser egoísta, me deixa te querer.
Faça a minha respiração falha valer mais que um minuto, mais que uma manhã.
Tira essa respiração de mim.
Tira essa solidão de mim.
Tira esse chão de mim.
Tira esse passado de mim.

Não te "queria" como no início, te "quero" no meu final.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Tchau



Vamos começar com aquela frase, que todo mundo já ouviu, de Einstein, Charles Chaplin, Fernando Pessoa, ou seja lá a quem ela pertence de verdade: 
"Nós temos apenas duas certezas na vida: a de que nascemos e a de que, algum dia, vamos morrer."

Sabemos disso, mas negamos para nós mesmos que esse "algum dia" pode ser amanhã. Temer a morte é temer a certeza de que um dia não existiremos mais. E sim, eu vou ignorar qualquer vertente pós-morte. A morte é fim, para quem acredita ou não em vida após a morte. A morte é o fim entre os vivos e é isso que nos interessa: vida. Vida após a morte não nos satisfaz, ou teríamos mais suicídios. 

Mas estar vivo não nos satisfaz. Temos que viver. E viver não nos satisfaz. Temos que vivenciar. Nos marcar no mundo e marcá-lo em nós. 
Levamos a vida toda para nos conhecer, porque só no nosso último segundo de vida somos sinceros. 

Como eu sei disso? Porque eu me suicidei. 

Apresento-lhes, então, a minha declaração de suicídio. A Nota de Rodapé da última página da minha Biografia.

"Infelizmente eu morri. O processo foi lento porém necessário. Minha mente inquieta não me deixava dormir à noite, então, uma noite, eu pus fim àquilo tudo. E posso afirmar, entre todas as teorias sobre a morte que tive a oportunidade de ouvir, nenhuma se aproximou do que realmente é. Não dói, não cheira, não tem foice. O que posso dizer é que o fim é um alívio. Nunca mais vou ouvir aquela droga de despertador, nem descobrir que o leite da geladeira azedou. Aqui não há nada e eu estou muito bem com isso. Posso me libertar quando ninguém está olhando. Ninguém, eu disse. A minha bisavó não está aqui comigo. Agora eu tenho tempo pra pensar em tudo que não fiz e lamentar tudo que já fiz. Me descobri em toda essa liberdade. Sou uma verdadeira dona de mim mesma. Finalmente! O que posso dizer para você, senhor(a) mortal, é que a morte é o alívio da vida. É melhor que um sofá confortável depois de um longo dia de trabalho. É como  um rio de água morna e correnteza leve, onde você é conduzido docemente até o infinito. Eu decidi que estava cansada demais para continuar nesse lugar insano. Talvez eu já estivesse morta há muito tempo, sem saber, mas agora eu tenho certeza de que tudo acabou. E, felizmente, eu morri."

Vanessa Cardoso (1993 - 2014)

segunda-feira, 24 de março de 2014

Tirando a Poeira


Então, me desculpar por demorar de postar? Meh... Vim só tirar o pó.

Vim limpar a mente, arrumar as ideias. Estive parada por muito tempo. Me mantive no mesmo lugar, por alguma razão que só Deus (ou nem mesmo ele) sabe. Estática, apática... Quase imóvel. Quase. Foram dias e dias, mas este é um lugar sagrado e passar aqui só pra dizer "bom dia, tudo bem?" não é digno.

Corri o risco de enferrujar meus pensamentos, meus sentimentos, minha vontade de ver umas letrinhas aparecendo magicamente numa tela. Magicamente transformar em alguma coisa, com o mínimo de sentido, o que eu ando sentindo. E mais: de alguma forma conseguir gente pra ler isso! 

Queria dar uma explicação, mas como? 
Inventem uma. 

Eu sou só uma garota normal, com uma vida que, pra mim, é cheia (até demais) de aventuras, mas para outros pareceria estupidamente tediosa. Às vezes eu posto em um blog, às vezes eu deito na cama e olho pra teto durante o que parecem ser horas. Eu simplesmente adoro! Mas nada me dá tanto prazer quanto isso. Isso que eu estou fazendo agora. Toda essa mágica de "como se fosse a primeira vez". Com um sopro suave me reencontrar embaixo de uma fina camada de pó.